Carl Gustav Jung nasceu em 1875 e foi um psiquiatra suíço com grande interesse pela medicina oriental e pela filosofia. Durante sua vida, Jung se dedicou a estudar os símbolos, os sonhos, as mitologias, os contos de fadas, a psicossomática, a filosofia, as artes e a psicanálise. Todos esses estudos foram aplicados por ele na psicologia clínica, que tinha o propósito de compreender o ser humano a partir do pensamento coletivo. Esse aspecto fez com que Jung se tornasse o fundador da psicologia analítica (também chamada de “junguiana”), que ainda traz grandes contribuições para as psicoterapias contemporâneas.

Os sonhos representam um papel indispensável na psicoterapia de Jung, pois esta nos revela que as imagens criadas enquanto estamos dormindo são chaves de acesso ao nosso inconsciente. Por esse motivo, é preciso que elas sejam vistas com a curiosidade de uma criança e a seriedade de um adulto, considerando sempre o quanto essas experiências podem servir como caminho para a autorrealização. Costumo utilizar a análise dos sonhos como um dos recursos capazes de fazer com que meus (as) pacientes compreendam a própria essência e, desta forma, se sintam mais confiantes na jornada interior de autoconhecimento.

Para Jung, a arte também representa um dos principais caminhos para o inconsciente humano. Por ser repleta de símbolos, a interpretação da arte de maneira junguiana nos coloca em contato com a essência de quem a criou ou daqueles que se sentem tocados pela obra. Na psicoterapia, utilizo a arte como um dos mecanismos que farão com que possamos atingir a individuação ou, como explica Jung, o que realmente define um indivíduo. Nesse percurso, a arte entra como um agente integrador que faz com que sejamos capazes de assimilar um indivíduo como indiviso, completo em suas singularidades.

Jung tem uma classificação própria sobre os mitos, que não são definidos como histórias falsas, mas como narrativas sagradas dentro de sociedades. Cada mito é composto por padrões e podemos perceber facilmente o quanto eles se repetem, mesmo com o passar dos anos. Ou seja, os mitos estão profundamente enraizados no pensamento coletivo. Na psicoterapia, trabalhamos os mitos como formas de acessar o conhecimento que persiste na imaginação e na cultura de diversos povos. A partir do momento em que somos capazes de entender como o imaginário coletivo se relaciona com o nosso inconsciente, muitas questões internas podem ser resolvidas.