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Minha dor faz a minha força

No último ano, participei de um curso de coaching na SBC. Curso fantástico e super recomendado àqueles que gostariam de investir em autoconhecimento, independentemente de querer ou não ser coach.

Durante o curso, muito pude refletir sobre o que nos faz agir como agimos e porque hoje sou quem eu sou. Muito diferente do que eu imaginava, o curso não falou apenas sobre carreira e técnicas de como crescer na mesma, mas foi muito além disso. O curso fez um mergulho profundo no próprio ato de ser e refletiu sobre a vida, sobre família, criação, crenças limitantes, dores, traumas, experiências e aprendizados. Nos aprofundamos em nós mesmos e na psicologia da vida!

Tão extasiada eu estava com o curso, após 12 horas de treinamento do segundo dia, que decidi assistir ao documentário de Tonny Robins na Netflix: “Tonny Robins: eu não sou o seu guru.” Para quem não conhece, Tonny Robins é autor, palestrante e um dos grandes nomes do coaching no mundo, alguém que inspirou minha professora, Fernanda Chaud, a se especializar na área.

No filme, pude ficar ainda mais tocada, não só pela influência e espetacular habilidade de comunicação do palestrante, como também pelas histórias de vida de cada um dos participantes e como eles se modificaram após o seu primeiro contato com Tonny.

Dentre todas as histórias, a que mais me chamou a atenção foi a de Dawn Watson (Sol).

Tonny, em seu curso, pediu a algum voluntário (a) que estivesse pensando seriamente em suicídio que se manifestasse e Sol se apresentou. Sol era uma menina, de seus 20 e poucos anos, que nunca tinha vivido um relacionamento antes. Ela dizia se sentir só e sem esperanças, por não aguentar mais viver tanta dor. Tonny, muito rapidamente ao ouvi-la comentar sobre sua dor, foi duro e lhe questionou sobre como seria possível alguém tão nova ter tão pouca esperança e viver tanta dor. E é neste momento que Sol decide contar sua história:

Ela nasceu em uma comunidade no Brasil chamada “Meninos de Deus”. A comunidade se autointitulava como religiosa e acreditava que as pessoas poderiam atingir a luz e a Deus por meio do sexo. Com isso, crianças nascidas na comunidade eram apresentadas ao sexo antes mesmo de saberem escovar os dentes, passando sua infância e vidas regadas em relações de abuso e vivências de estupro. Aos 12 anos, Sol começou a se questionar se aquilo realmente era de Deus, pois não entendia como poderia ser quando se sentia tão mal com tudo que estava ocorrendo. Nesse momento, decidiu fugir da comunidade. Após a fuga, se refugia na casa de antigos conhecidos da comunidade e passa ainda por novos episódios de abuso. Sentindo-se fraca ainda por alguns anos, seus pensamentos mais fortes são o de como encerrar toda aquela dor e lhe vem à cabeça o suicídio. Todavia, uma colega lhe conta sobre Tonny Robins, e Sol decide vender tudo e tentar participar de um de seus eventos para, quem sabe, poder conversar com ele.

Nos Estados Unidos, em apenas uma semana, sua vida é transformada. Ao ser chamada para contar sua história, Tonny a presenteia com um curso para ser facilitadora e uma pessoa que se comoveu com sua história lhe faz uma grande doação para que Sol ajude a cuidar de pessoas que passam ou passaram por situações como a dela. Hoje Sol tem uma ONG focada em ajudar crianças e mulheres vítimas de estupro ou abuso. Em seu Instagram, hoje vemos milhares de postagens e comunicações onde ela se apresenta alegre, feliz e como uma grande mulher, com uma postura totalmente diferente da que vimos em Tonny Robins há alguns anos. O seu lema hoje é “Transforme sua pior dor em sua maior força”.

Nem por um momento vemos hoje uma Sol triste ou com dificuldades, muito pelo contrário, vemos uma mulher influente, alegre, realizada e que também sabe ser bonita, sensual e autêntica, mesmo tendo passado por tudo o que passou. Sol ensina as pessoas a serem autoconfiantes e a reconhecerem suas forças. E é isso que me pôs a refletir profundamente: quantas pessoas não passaram por essa dor ou outras semelhantes? Quantas pessoas poderiam, mesmo com suporte e ajuda inicial, crescer e se transformar, tornando sua pior dor a sua maior força? E quantas pessoas que, ao se transformarem, já estão ajudando e influenciando tantos a sua volta? E você? Qual seria hoje a sua grande dor? Qual sentimento gostaria de colocar no lugar? Está preparado (a) para transformar sua grande dor em sua grande força?

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